terça-feira, 29 de abril de 2014

... quando os deuses passam.

por Kywsy Santos

Algumas estratégias são infelizes, outras são tão miseravelmente infelizes que produzem seu piores efeitos justo quando logram conquistar os seus meticulosos objetivos. Querer, traçar planos, estabelecer limites, ensaiar atuações, prever cenários e manter tudo sob controle, de modo que o destino, forçosamente, se adapte aos nossos desvairados rabiscos. Quem nunca?! Vai dessa cegueira estrutural que viver e ter que decidir caminhos que ninguém sabe onde vão dar, vai dessa loucura de sentir-se deus que os homens, vez que outra, encarnam e, paradoxo dos paradoxos, é justamente quando tudo dá certo, quando tudo sai do modo como foi planejado, que a gente é obrigado a encarar de perto a extensão da nossa pobreza. 

Quanta dor, quanto sofrimento envolvido, quanta injustiça sem reparação e quanta paz perdida que jamais poderá ser restaurada. A gente olha sem compreender. Os planos,  em retrospectiva, não fazem o menor sentido. Eu sinto pena desses pequenos deuses sem sapatos, profundamente inaptos a trilhar caminhos. Quanta pressa, meu Deus, quanta pressa... Queria aconchegá-los em meu colo, quem sabe ouviriam algumas histórias, quem sabe a gente poderia rir, juntos... Mas, eles não olham nos olhos, nem ouvem, planejaram passar e passam, inexoravelmente.


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