quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Debaixo da Mangueira


No livro "O mundo sutil do amor", de Deepak Chopra, tem uma passagem onde uma mulher sábia fala do amor para um discíplo. Ele a pergunta sobre a constância do amor em nossas vidas e ela lhe responde que, às vezes, é como olhar o céu ensolarado por baixo de uma árvore frondosa, por um momento pode parecer que é tudo sombra, mas, o movimento das folhas acaba deixando o sol passar e você tem a certeza de que ele vai estar sempre ali, mesmo que você não possa vê-lo.

Essa passagem é recorrente em meus dias, sempre que penso em você: ela me vem à mente, como um mantra e eu posso ver o sol brilhando por trás das folhas da mangueira que eu amava, na fazenda de meu pai. Eu volto a ser criança toda vez que ativo essa lembrança. Ontem a lua  brilhava entre as folhas da mangueira do vizinho...  foi bom... me fez sorrir. São coisas que não se planeja, não podem ser manipuladas, nem explicadas... Ainda assim, eu quero te perguntar: qual foi o teu mérito nisso? o que você fez conscientemente pra que isso acontecesse? Porque o meu único mérito foi estar  com o coração aberto e ter coragem para receber esse presente. Só isso.

Não é que eu não veja os teus defeitos, é que quando estou decepcionada, quando o sangue ferve e me põe de prontidão para o ataque, além de todas as mensagens de tolerância que recebo, dos livros, dos muros, das canções que passam por mim e das estrelas cadentes, além de todos os lugares onde decidiram pichar teu nome, existe um sussurro que me diz serenamente: "este é meu filho amado". E eu só consigo te alcançar quando a paz me alcança. E é só por isso que o Tepequém permanece adormecido. E é só por isso que eu só sei amar você.