quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Um Espelho para Elisa

por Kywsy Santos



Você não devia ser tão exigente
tentando escrever uma história
que já foi escrita
E que é infinitamente mais bonita


Você procura a chave do enígma
só porque está do lado de fora
e não consegue ver
presa que está, dentro de você


Você só precisa de um espelho
pra ver o rosto do outro sorrir
ou chorar junto com você
É tudo que há pra entender.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um Abraço

Olhe um pouco para fora de você. Não importa o tamanho da sua dor, você nunca está sozinho. Quero dizer que muitos à sua volta possuem no coração uma dor maior e mais profunda que a sua, quero dizer também que todos, indistintamente, carregam a sua própria cruz. O mundo ocidental nos ensina a negar a dor, o sofrimento, porque o "vencedor" é uma figura mítica de pessoa que alcançou a felicidade plena. O que sofre é o "miserável", o "infeliz", o "fracassado". Uma falácia filosófica que, somada a outras, serve a um propósito claro: submeter consciências, justificar o sistema, transformar pessoas em peças de uma engrenagem maior. É daí que o profissionalismo, a fama e a riqueza emergem mascarados de virtude. Os valores entram em xeque quando a meta é ser um "vencedor", quando o desejo é estar acima do bem e do mal. Essa tendência a ser um ser unicamente feliz, unicamente próspero, belo, desejável, indispensável não reconhece classe social, idade ou nacionalidade, é transglobalizada e afeta interna e externamente as pessoas. É por isso que é preciso olhar pra fora, reconhecer a existência do outro, ousar encarar a dor de frente e ver o que acontece. Querer o seu bem, mas, querer também o bem do outro. Saber da sua dor, mas, saber também da dor do outro. Estar pronto pra consolar e pra ser consolado. A solidão nos nossos dias é esmagadora, uma doença da atualidade que pode ser tratada com um abraço, uma boa (e cada vez mais rara) conversa, um e-mail... Mas, quem, dentre aqueles que buscam a felicidade infinita, estará habilitado a oferecer esse tipo de cura? Quem??? Eu posso apostar que existe uma fonte infinita de pessoas dispostas a esse tipo de encontro bem perto de você, uma legião de pessoas que precisam muito de atenção e que também estão dispostos a compartilhar... Os excluídos do sistema: aqueles que não produzem mais, os que não podem produzir tão bem, os que servem, aqueles que não podem comprar... Quer alguém mais próximo de você? Um velho. Uma pessoa idosa de sua própria família que, além de ser excluído pelo sistema, também foi excluído pela pressa e pela ocupação infinita que faz parte do pacote de "profissionalização" de seus descendentes. Desejar desesperadamente, ser abraçado... Com sorte, saber que ainda pode ajudar alguém, sentir-se útil... Faça um esforço: Olhe um pouco pra fora de você.